Museu Marítimo: Concursofechar ×
2021
Concurso
Ficha técnica
Ano de Concurso:
2021
Equipe de Concurso
Arquitetura:
Eduardo Pereira Gurian
Cesar Shundi Iwamizu
Luca Penteado Caiaffa
Camila Yumi de Campos
Cecilia Torrez Prudêncio
Francesco Perrotta-Bosch
Maria Brenda Luna
Victor Quio
Sistemas Estruturais e Fundações:
Arquimedes da Silva Costa Filho
Conforto Ambiental:
Juliette Haase de Azevedo
Paisagismo:
Patrícia Akinaga
Engenharia Térmica - Condicionamento:
Roberto Akio Hattori
Sustentabilidade e Eficiência Energética:
Daniel Damasceno Brum
Ernâni Krohling Peruzzo
Daniel Reis Medeiros
Instalações, Sistemas de Segurança, Sistemas Prediais, Resíduos e Drenagem:
Frederico Mesquita Martins
Comunicação Visual:
Rogerio Gomes Varela
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
“Quanto pesa um prédio? Ele afunda num território. Fundações, estacas, mecânica do solo – tudo isso está na nossa cabeça, do ponto de vista de uma consciência sobre as coisas. É como um marinheiro do século XVI em alto-mar: ele sabe onde está. Está navegando num artefato que ele sabe muito bem que flutua, que tem a vela, que tem o vento.”
Paulo Mendes da Rocha
O grande arquiteto brasileiro recorrentemente estabelecia analogias entre um navio e um edifício. Ele interessava-se por portos, diques, estaleiros: um genuíno encantamento pela técnica humana que fazia proveito das relações naturais entre a terra e as águas dos mares, rios, baías. De certo modo, Paulo Mendes da Rocha concordava com uma concepção renascentista – especialmente dos tratados de Serlio – que entendia a arquitetura e a navegação como profissões complementares, as quais faziam uso dos mesmos instrumentos como a bussola, o compasso, a clepsidra, a toleta de marteloio.
Este projeto ampara-se na mesma complementariedade: uma edificação em meio às águas da Guanabara não visa ser graciosa ou palaciana, mas um museu como estaleiro.
Mecanismos, maquinário e ferramentas de locais de construção de navios, barcos e submarinos são igualmente oportunos para uma instituição de construção de cultura náutica. Quando em pleno funcionamento, um estaleiro e um museu, por princípio, são lugares generativos, dinâmicos, não estáticos.
A singularidade do sítio em questão também é parâmetro fundamental de desenho. Estamos lidando com a relação a qual o Rio de Janeiro se fundou: a Baía de Guanabara e seu centro, bem no seu núcleo urbano original entre os morros do Castelo, de São Bento, de Santo Antônio e da Conceição. Por isso, o desenho do Museu Marítimo alicerça-se em dois grids: o primeiro é a malha estrutural do píer existente, no qual se edifica parte considerável da nova instituição, o segundo é o tecido urbano, que se converte em baliza a partir da extensão das vias da região central carioca. A estrutura e a fachada do museu são resultado da conjugação dessas duas tessituras ofertadas pelo lugar e sua história.
O píer pré-existente torna-se um passeio público. O museu-estaleiro apoia-se nas suas antigas fundações. A Galeota Imperial é suspensa. A vista para a baía de Guanabara é franqueada e removem-se obstáculos na altura do olho do visitante. A estrutura nova cobre o chão do píer original. Este se transforma numa construção insular: um sutil destaque entre a margem e o longo pavilhão, que passa a acessado por pontes retráteis – a mais longa, na verdade, é uma sugestão para que a promenade seja contínua.
O programa institucional e administrativo é reunido no prédio de planta triangular: um volume que emerge do chão na borda da cidade com a baía. É um bloco do conjunto arquitetônico que aflora como topografia, mas não como relevo banal e sim como momento sui generis, tal qual uma rocha que emerge diretamente do mar.
Em sua relação direta com a Orla Conde, esse bloco é visualmente o endereço de acesso ao domínio do museu. Por sua vez, o pavilhão linear apresenta-se como fechamento visual da perspectiva do eixo da avenida Presidente Vargas.