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Moradia Estudantil UNIFESP Osascofechar ×

2014

Concurso, Desenho, Modelo digital

 

 

 

 
 

Ficha técnica

Ano de concurso:
2015

Arquitetura: 
André Ariza
Andrei Barbosa da Silva
Bruno Valdetaro Salvador 
Cesar Shundi Iwamizu
Eduardo Pereira Gurian
Fernanda Britto
Francesco Perrotta Bosch
Gustavo Madalosso Kerr 
Helena Aparecida Ayoub
Leonardo Nakaoka Nakandakari 
Luca Penteado Caiaffa 
Marcelo Arend Madalosso
Natália Balak Rocha
Rafael Carvalho
Thomas de Almeida Ho

Moradia Estudantil UNIFESP Osasco
Osasco, SP, Brasil

Este projeto foi realizado em parceria com o escritório de Helena Ayoub (HASAA)

A Quadra Aberta

A intenção primeira desta arquitetura é dotar o lugar de urbanidade: um local onde coexistem espaços em que os estudantes tenham sua privacidade e áreas em que a comunidade universitária possa se encontrar e dialogar com os moradores dos arredores. Para sair do discurso genérico – a priori uma intenção pressupostamente desejável por todos – e realiza-lo por meio de uma solução arquitetônica, o gesto inicial é a delimitação de um grande quadrado: a figura geométrica que dá os parâmetros para que ali se estabeleça a tipologia urbana de quadra aberta.

Em primeira análise, as unidades de moradia alinham-se em um edifício-lâmina contínuo que se dobra para dar forma a esta quadra, mas contendo certas interrupções: algumas para o acesso, outras para os núcleos de circulação vertical, e uma maior onde se implanta o edifício que engloba todos os espaços de uso coletivo geral. Ao centro da quadra, temos a possibilidade de acesso ao núcleo ao ar livre, que volta a assumir o papel de espaço coletivo, convergindo pessoas em seus diversos patamares (pracetas), percursos, quadra poliesportiva e generosas áreas verdes.

O projeto foi concebido a partir de uma dialética entre variação e uniformidade.

A variação ocorre em virtude da topografia complexa do terreno, de modo que o prédio-lâmina se escalone de acordo com as cotas do relevo natural. Isto é, estabelece-se uma intrínseca relação do edifício com o solo, sem que se tenham pilotis (ou qualquer recurso arquitetônico análogo) que afastem o andar inferior do edifício e o terreno. Tal estratégia permite que se criem distintos acessos, patamares e praças de diferentes formas e qualidades que se interconectam por meio de rampas, escadas e escadarias-arquibancadas. Desse modo, o núcleo a céu aberto cuja vocação primeira é o lazer, também é um espaço de circulação, aumentando o número de pessoas no local, estimulando atividades coletivas previstas e imprevistas, tornando-o mais vivo.

Contrapondo-se à variação de andares e ao complexo desenho de níveis e percursos da praça interna, temos uma uniformidade no estabelecimento de uma cota de cobertura igual para toda a quadra, na solução construtiva e na escolha dos materiais.

A estrutura primária dos edifícios é uma sequencia de paredes autoportantes de bloco de concreto distantes 8 metros uma da outra. Tal modulação dá origem às unidades de habitação: com uma unidade de auto-serviço somada a quatro quartos individuais, ou a dois quartos duplos, ou a dois quartos destinados a famílias, ou três quartos sendo dois dormitórios individuais e um duplo. Inseridas na lâmina de habitação e seguindo esta modulação estrutural, estão os espaços de uso coletivo intermediário: salas de estar e estudo não fortuitamente posicionadas perto dos núcleos de escadas e elevadores das esquinas desta quadra. No térreo, em especifico no trecho sul, as paredes autoportantes chegam até o solo em uma área de acesso à praça central, com uma interessante solução: recortes no plano geram bancos e espaços de estar.

Os corredores são constituídos por estruturas metálicas em balanço, ou seja, a circulação que conecta as unidades de moradia está acoplada à estrutura primária de paredes autoportantes. O posicionamento do corredor está sempre na face sul ou oeste dos apartamentos, de modo a proteger da maior incidência dos raios solares. Nota-se também que as portas de acesso à unidade de habitação são suficientemente generosas para que a área de convivência do interior do apartamento possa se expandir, em ocasiões especiais, para as circulações coletivas. Os fechamentos com guarda-corpos em aço e telas metálicas – produto pré-fabricado encontrado em qualquer loja de construção, usualmente utilizado em cercas – dão unidade a estas fachadas esteticamente diáfanas, austeras e explícitas em seu modo construtivo.

A circulação é responsável por unir todas as partes do edifício, configurando, de fato, o formato da quadra. Para tanto, ela conecta as áreas de moradia propriamente dita ao bloco de espaços de uso coletivo geral. Com uma implantação ligeiramente deslocada com relação ao conjunto edificado, porém paralela à rua da cidade de Osasco, tal bloco converge o cineclube miniteatro, a biblioteca comunitária, a academia de ginástica, a sala de jogos, o espaço multiuso e a cozinha com copa. Ou seja, é o trecho com as salas mais públicas do conjunto.

Em suma, este é um projeto de conciliação. A regularidade da forma geral do edifício se concilia com o complexo desenho de rampas, escadas e patamares da praça central. As unidades de habitação seguem uma modulação que possibilita variações no número de dormitórios. Os apartamentos universitários estão conciliados às generosas áreas a céu aberto próprias ao uso por qualquer cidadão. Isto é, neste projeto, com cuidadosas gradações entre um e outro, o privado está em conciliação com o público.