top

Instituto Butantanfechar ×

 
 

Ficha técnica

Ano:
2016

Arquitetura:
Eduardo de Almeida+SIAA
Andrei Barbosa da Silva
Bruno Valdetaro Salvador
Cecília Prudencio Torrez
Cesar Shundi Iwmaizu
Eduardo de Almeida
Eduardo Pereira Gurian
Fernanda Britto
Henrique Costa
Leonardo Nakaoka Nakandakari
Luca Caiaffa
Rafael Carvalho

Estudantes:
Laura Peters
Maria Fernanda Xavier

Estrutura:
Heloisa Maringoni

Instituto Butantan: concurso
São Paulo, SP, Brasil

Instituto de Inovação em Biotecnologia Butantan

 

O presente caderno tem a intenção de registrar os conceitos e estratégias apresentados para o desenvolvimento do Projeto Arquitetônico para a Expansão do Instituto Butantan, a partir das demandas apontadas pelo Termo de Referência.

Dividido em dois momentos, o conteúdo deste caderno se aprofunda, primeiro, na implantação global do conjunto proposto e, depois, no projeto do edifício que sediará a primeira fase do Instituto de Inovação em Biotecnologia Butantan.

 

IMPLANTAÇÃO

A ocupação do sítio considera o Plano Diretor do Instituto Butantan – seus edifícios, sistema viário e vegetação existente – e suas relações com a Cidade Universitária, além das condições atuais da estrutura remanescente do conjunto projetado por Jorge Wilheim nos anos 1970.

O reconhecimento da malha estrutural do conjunto edificado direciona as estratégias de intervenções nas estruturas existentes, matriz geométrica que organiza o todo e viabiliza a necessária transformação dos espaços a fim de abrigar os novos usos previstos.

O conjunto arquitetônico proposto foi pensado de modo a ser implantado em três fases sequenciais, sendo a primeira, objeto central deste concurso, a reforma e qualificação do edifício anteriormente ocupado pelo Paço das Artes, a ser utilizado como laboratórios de pesquisa e como elemento organizador das etapas subsequentes.

A Fase 2 – ocupação da estrutura vizinha aos laboratórios da primeira etapa – se define por um conjunto composto por embasamento e dois volumes, o primeiro de planta retangular, com áreas de trabalho organizados ao redor de um vazio central, e o segundo de geometria cúbica, contraponto vertical em relação aos demais edifícios propostos.

A terceira fase complementa o conjunto pela adição de um volume laminar implantado paralelamente ao arruamento previsto pelo Plano Diretor, reproduzindo a secção tipo das etapas anteriores – mas neste caso com embasamento e quatro pavimentos –, subdividido em três blocos autônomos, passíveis de serem construídos em diferentes momentos.

O resultado volumétrico do conjunto estabelece uma relação de cheios e vazios que acaba por constituir um bosque interno triangular, que não só protege parte da vegetação remanescente, como delimita e valoriza a existência de um espaço articulador entre os diversos edifícios.

A vegetação, agora valorizada como paisagem, caracteriza o espaço central deste conjunto e é apropriada visualmente pelos espaços de convívio, trabalho e pesquisa, ao mesmo tempo em que intermedia as relações entre os diversos edifícios e o entorno próximo.

A implantação proposta considera em seus acessos públicos e de serviços o sistema viário previsto no Plano Diretor proposto, bem como possibilidades de conexão, ainda que controladas, com a avenida de acesso da Cidade Universitária.

A composição de diversos edifícios, agora intermediados por ruas, passarelas de ligação, praças, pátios e jardins, valorizam o caráter urbano do conjunto arquitetônico proposto, cuja unidade e materialidade são reforçadas pela especificidade dos elementos de sombreamento de suas fachadas.

A transformação de antigas estruturas a fim de abrigar importantes e novos usos previstos pelo Instituto Butantan requerem ações de acentuado caráter simbólico e força expressiva, aproveitando a localização privilegiada junto à principal avenida de acesso da Cidade Universitária para valorizar a dimensão pública das atividades desenvolvidas neste conjunto arquitetônico.

 

FASE 1

O edifício sede do Instituto de Inovação em Biotecnologia Butantan foi projetado a partir da estrutura existente que abrigou o Paço das Artes até o inicio de 2016, originalmente pensada como espaços de acolhimento e apoio do complexo cultural projetado por Jorge Wilheim nos anos 1970.

A geometria irregular das lajes que compõem tal estrutura foi modificada a partir de procedimentos de adição e subtração, respeitando sua geometria original como matriz ordenadora de todo o conjunto arquitetônico proposto, incluindo cada uma de suas três fases de implantação previstas.

A partir de tais estratégias, a estrutura preexistente foi regularizada e sintetizada em um edifício de planta triangular, definido por três alas com dimensões e geometria adequadas para abrigar laboratórios de pesquisa e programas correlatos, dispostas ao redor de um pátio central descoberto e iluminado, espaço articulador dos diversos setores e da conexão vertical entre pavimentos.

A regularidade geométrica dos espaços destinados aos laboratórios de pesquisa, pensados de modo a atender aos requisitos de flexibilidade e adequação funcional e tecnológicas constantes, exigiram também uma aproximação de cunho infra estrutural a estes espaços, sobretudo no emprego de pisos elevados e previsão para instalações aéreas para a passagem de dutos necessários à climatização controlada, além de calhas de alimentação de energia, rede, água, gases, iluminação, automação e segurança, sem prejuízo aos requisitos de conforto e ergonomia adequados aos usos propostos.

Considerando tais aspectos, a limitação de pé-direito apresentada pelo piso térreo da estrutura preexistente (2,80m livre) exigiu uma nova disposição espacial para a secção transversal do conjunto, considerando a criação de um novo pavimento – utilizando a atual cobertura como piso – destinado a abrigar os dois laboratórios de pesquisa viral e não-viral, ambos com controles de segurança NB2 e NB3 e dotados de pé-direito e condições espaciais adequadas para atender as necessidades técnicas requeridas pelo Instituto Butantan.

Dessa maneira, sem as exigências técnico-espaciais previstas para os laboratórios de pesquisa, o pavimento térreo foi destinado a abrigar os programas menos restritos ligados aos acessos, áreas de convívio, administração e trabalho convencionais, espaço articulador entre o Instituto Butantan e a Cidade Universitária, mas também entre os futuros edifícios previstos por este plano.

O subsolo, agora iluminado pelo pátio central e pelas três fachadas periféricas, abriga os laboratórios de uso comum e infectório sem restrições em biossegurança, foyer e auditório para duzentas e trinta pessoas, além dos acesso de serviços, com doca para carga e descarga, estacionamento e outras utilidades.

Do ponto de vista estrutural, a laje originalmente prevista para receber jardins e sobrecargas variadas e imprevistas passa a sustentar uma nova cobertura metálica desenhada em função da matriz ordenadora da estrutura preexistente. A treliça espacial, caracterizada por sua leveza, recobre toda a edificação e se desdobra pelas fachadas, reafirmando o caráter unitário do prisma de planta triangular.

Este novo elemento, por garantir acesso a todas as exigências técnicas que o programa possa requerer, soluciona os aspectos técnicos ligados à infra estrutura do edifício, tanto no plano da cobertura – pela distribuição horizontal de dutos, filtros e refrigeradores – quanto no plano das fachadas – ao viabilizar encaminhamentos verticais de dutos, instalações ou escadas de segurança.

Esta mesma estrutura receberá uma pele metálica plissada – definida de acordo com a geometria ordenadora do conjunto a partir das correlações entre parte e todo – para sombreamento de cada uma de suas fachadas, considerando perfurações específicas e adequadas a cada caso.

Além de criar um sistema de ventilação permanente capaz de otimizar o sistema de climatização exigido, este fechamento suspenso, diáfano, define a nova volumetria resultante do edifício, identidade arquitetônica do conjunto que alterna transparências e opacidades na mediação entre espaços internos e externos.