top

Clube Pinheirosfechar ×

2017

CCR, Concurso, Desenho, Modelo digital

 

 
 

Concurso, Desenho, Modelo digital

 
 

Ficha técnica

Ano do concurso:
2017

Arquitetura:
Cesar Shundi Iwamizu
Eduardo Pereira Gurian

Andrei Barbosa
Belén Ruiz Arenas
Bruno Salvador
Cecília Torrez
Fernanda Britto
Jenny Rodriguez Hesse
Leonardo Nakaoka Nakandakari
Maria Fernanda Xavier
Rafael Carvalho

Clube Pinheiros: CBES | centro de bem estar e saúde
São Paulo, SP, Brasil

A ideia de manutenção das características principais do ambiente construído, seja pela presença intensa da vegetação e dos caminhos entre os edifícios e atividades que dão vida ao clube, ou mesmo pela memória dos usuários em relação aos edifícios preexistentes serviu de parâmetro e estabeleceu o conceito principal que permeou ambas intervenções.
Ações pontuais foram pensadas para a valorização das características existentes das edificações e seu entorno imediato: supressão de determinados elementos construídos para garantir maior amplitude e visibilidade; inversões de acesso e eixos de circulação; ajustes de níveis; demolições pontuais e novos arranjos espaciais – sempre com intuito de potencializar a dimensão coletiva dos pavimentos térreos, tornando-os mais permeáveis e integrados às áreas externas de circulação e vivência.
A estas intervenções somam-se outras, relacionadas aos novos conteúdos programáticos. Estas, mais evidentes, revelam as ampliações dos edifícios originais por meio de novos volumes. Tais inserções serão construtivamente distintas em comparação com os atuais edifícios, revelando independência entre estruturas propostas e existentes, de maneira que todo elemento adicionado seja claramente legível.
As ações propostas para os conjuntos do Centro de Cultura e Recreação – CCR – e Bem Estar e Saúde – CBES – contemplam as ampliações essenciais para abrigar novos usos e partem do mesmo conceito mas, devido às suas especificidades, apresentam soluções distintas enquanto resultado formal.

REVITALIZAÇÃO DO CENTRO RECREATIVO E CULTURAL – CCR
Para a ampliação dos usos e a revitalização dos programas existentes no Centro de Recreação e Cultura, foram observadas as características construtivas do edifício, seus eixos estruturais e a organização dos fluxos, tanto horizontais quanto verticais.
A primeira ação procura tornar mais franca e convidativa a circulação no nível do chão do edifício e, no contexto mais amplo, redefine o acesso ao clube pela rua Tucumã. Previu-se a supressão da caixa de escada e elevador junto à fachada do CCR, em frente ao campo de futebol, e a redistribuição das circulações verticais. Propomos à inserção de duas escadas externas, localizadas nas extremidades do edifício, que cumprem função de rota de fuga, além de uma nova prumada, composta por escada, elevador e conjuntos de sanitários, localizada transversalmente, reforçando a ideia de um novo eixo de acesso e organizando os programas do térreo e pavimento superior. Somada ao rearranjo das circulações verticais, propomos reativar a entrada pela rua Tucumã no mesmo eixo transversal do prédio, convidando os sócios e, eventualmente, o público externo, a usufruírem do CCR como nova porta de entrada do clube.
No pavimento térreo – nível 718,85, as pistas de Boliche e Bolão serão mantidas e revitalizadas; as pistas de Bocha passam posicionadas transversalmente ao edifício, o que reorganiza o posicionamento do vestiários e administração, retirando-os da fachada da rua Tucumã e deixando o edifício mais transparente e sem fundos.
A cozinha da lanchonete, consequentemente, foi disposta paralela a rua lateral – que passa a ter função exclusivamente de serviços. Ali estarão as docas que deverão servir tanto a lanchonete quanto o restaurante no pavimento superior. A escada de serviço e monta-cargas serão mantidos, com nova função de comunicação entre as duas cozinhas.
A lanchonete se abrirá diretamente ao interior do clube, valorizando o terraço existente e mesas externas, ampliando a lógica de circulação externa e permeabilidade do edifício.
O primeiro pavimento – nível 724,00 – terá sua área ampliada com a construção de uma nova laje sobre o vazio que hoje define o pé-direito duplo das pistas de bocha no pavimento térreo. Este espaço continuará abrigando a cozinha do restaurante, que será reformulada e adequada às normas e as demandas atuais do clube. Esta, por sua vez, se abrirá a um salão do restaurante, amplo e transparente, na altura das copas das árvores que circundam o edifício do CCR.
O núcleo de circulação social garante o acesso ao restaurante e, ao mesmo tempo, divide os usos e programas propostos neste pavimento. A sala de estudos organiza a distribuição das salas de aula, artes e núcleo de teatro, que se posicionam de maneira central na planta do edifício. A circulação torna-se periférica, o que ampliará o contato visual e a relação com a paisagem do clube.
Ainda neste nível observam-se as adequações propostas para o teatro, como ampliação do palco, reformulação da plateia – que terá sua capacidade aumentada para 480 pessoas, adequação das áreas técnicas, camarins, sala para figurinos e depósitos, além de medidas para cumprimento às normas de acessibilidade. Mantêm-se as saídas de emergência no nível inferior da plateia e acrescenta-se um elevador externo, que serve exclusivamente ao apoio do teatro.
O segundo pavimento – nível 726,25, totalmente novo, se caracteriza como um remonte sobre o edifício existente e marca a intervenção proposta na escala do clube e da cidade. Esta nova construção se apropria da lógica de circulação do edifício existente, porém sua planta apresenta solução distinta: trechos de laje projetam-se em balanço ora em direção à rua Tucumã, até o alinhamento das escadas mantidas, ora na direção oposta, conquistando área útil necessária e abrigando as áreas externas no térreo, contíguas ao prédio – de um lado, o acesso proposto junto à rua; na face oposta, a lanchonete. Uma inflexão na planta faz com que o novo volume tangencie o cilindro do teatro, o que possibilita a constituição do acesso superior à plateia, a partir do foyer. A circulação neste andar se faz mais uma vez de forma periférica, circundando as salas e se abrindo ao foyer e a um novo terraço externo. Neste pavimento se encontram as salas de dança, salas de múltiplo uso, cafeteria / copa de apoio e cabine técnica do teatro.

CRIAÇÃO DO CENTRO DE BEM ESTAR E SAÚDE – CBES
Os dois edifícios preexistentes destinados à criação do Centro de Bem Estar e Saúde se mostram muito diferentes do ponto de vista construtivo e programático. Julgamos, no entanto, que alguns aspectos devem ser mantidos e valorizados, como por exemplo a relação com a vegetação ao redor, a memória daquele que seria o primeiro edifício construído no clube, os caminhos que os circundam, a “jaqueira”, a atmosfera da cafeteria, o contato estreito com as quadras de tênis, o convívio entre os usuários das saunas e dos serviços relacionados ao bem estar e saúde.
O desafio aqui colocado tem como enfrentamento a manutenção dos elementos descritos acima; para isso, adotaram-se estratégias distintas nas intervenções em cada um dos prédios, aliadas a um gesto que procura dar unidade e identidade a este conjunto.
Com relação ao edifício onde se encontra a cafeteria e vestiários das as quadras de tênis, realizou-se um exercício de identificar e suprimir os elementos construídos que o descaracterizaram ao longo do tempo. Como resultado, este volume deverá voltar a ter configuração próxima à original. A retirada dos vestiários nos dois pavimentos amplia a área para mesas da cafeteria, no térreo, e permite a criação do restaurante no pavimento superior. Um núcleo de instalações e cozinha, perpendicular a este pavilhão, foi otimizado para servir a estes dois programas.
No edifício da sauna, previmos a supressão de algumas salas e elementos para a constituição de um eixo de circulação central, com a ideia de ampliar o contato com as circulação e caminhos ora consolidados, além de outros que devem adquirir importância, de acordo com as projeções do plano diretor do clube – em especial o “boulevard” paralelo à rua Angelina Maffei Vita, que será totalmente reformulado.
O programa relacionado às saunas masculina e feminina se mantém nos mesmos lugares. Nos espaços contíguos localizam-se as áreas relacionadas ao atendimento médico e vestiários de funcionários, convenientemente localizados no térreo e próximos ao “boulevard”.
As demais atividades propostas, além dos vestiários das quadras de tênis, se concentram em uma nova edificação que se sobrepõe ao edifício existente – outro remonte. Em uma ação semelhante àquela proposta para o CCR, planeja-se demolir parcialmente a atual cobertura, permitindo a criação de uma nova estrutura metálica sobre a existente.
A criação deste segundo pavimento e a proximidade das cotas de nível entre os dois edifícios indicam a oportunidade de ajuste e integração dos elementos de circulação à vegetação existente, frondosa e abundante. As circulações dos pavimentos superiores destes dois edifícios foram posicionadas perifericamente e conectam-se por meio de uma passarela coberta, ampliando a relação dos programas com a paisagem do clube. Para acessar os serviços aqui localizados – salas de estética, cabeleireiros, barbearia, yoga, pilates, salas de fisioterapia e RPG – os associados circulam sempre em contato com as árvores, percorrendo uma sucessão de varandas, pátios e escadarias com diversas possibilidades de acesso. O que antes se configurava como duas construções separadas se torna um único conjunto, envolto por uma pele de sombreamento que reforça a ideia de unidade e dá caráter ao CBES.