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Casa Caramurufechar ×

2013

Desenho, Projeto Executivo

 
 

Desenho, Estudo Preliminar, Modelo digital

 

 
 

2013

Concurso, Modelo físico

 
 

Concurso, Croqui, Desenho, Modelo digital

 
 

Ficha técnica

Ano de projeto:
2012

Concurso:
Alexandre Gervásio
Andrei Barbosa
Bruno Valdetaro Salvador
Cesar Shundi Iwamizu
Daniel Nobre
Eduardo Pereira Gurian
Francesco Perrotta-Bosch
Rafael Carvalho
Rafael Goffinet

Arquitetura:
Andrei Barbosa
Artur Mei
Cesar Shundi Iwamizu
Eduardo Pereira Gurian
Érico Boteselli
Fernanda Britto
Leonardo Nakaoka Nakandakari
Rafael Carvalho

Levantamento Arquitetônico e de danos e patologias:
Alexandre Gervásio João
Carlos Augusto Gomide

Maquete física:
Henrique Costa
Leandra Myasaka

Consultoria de restauro:
Estúdio Sarasá

Estrutura:
Gepro Engenharia

Levantamento Planialtimétrico:
Topograf Agrimensura

Casa Caramuru: concurso
Ribeirão Preto, SP, Brasil

Projeto premiado: 1º lugar

A “Casa Caramuru”, originalmente uma casa rural na “Chácara Villalobos”, situa-se na Avenida Caramuru, nº 232, no Bairro Vila Córrego Preto na cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo.

Construída nas últimas décadas do século XIX, é um bem protegido, considerado de valor histórico e cultural, pela Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto pela Lei 4.881 de 06 de agosto de 1986 e tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico – Condephaat pela Resolução 61 de 20 de outubro de 1988.

É destacada a importância histórica e cultural da Casa Caramuru registrada no processo de tombamento, fundamentada na análise dos técnicos do Serviço Técnico de Conservação e Restauro STCR, órgão assessor do Condephaat à época, bem como nas argumentações iniciais apresentadas pelo Vereador Valdemar Couraci Sobrinho, autor da propositura de Junto à Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto. Posteriormente, eleito Deputado Estadual foi ele que encaminhou correspondência ao Condephaat que deu início ao processo de tombamento Estadual.

A Resolução de Tombamento nº 61 observa:

“Este edifício, de construção anterior a 1894, figura como um exemplo documental da arquitetura do ‘Oeste Paulista’, com relevante destaque para:

a. sua raridade como um dos dois únicos exemplares urbanos remanescentes do século passado na cidade.

b. seu valor como amostragem do complexo urbano-rural da arquitetura do café nessa região.

c. as pinturas decorativas de suas paredes internas, revelando o estilo ornamental rococó”.

(Processo Secretaria da Cultura – CONDEPHAAT – Solicitação de Tombamento Guichê: 00227 fls 147)

A casa da Chácara Vilallobos foi implantada a meia encosta, repetindo a solução encontrada em outras regiões do estado de São Paulo, onde a parte frontal da casa (à época) voltava-se para o Córrego Preto abrigava a sala e os quartos se abriam para a varanda, construídos sobre um porão habitável. Já a cozinha e o banheiro ficavam no fundo da casa e eram construídos sobre o terreno.

Construída em tijolos de barro cozido, assentados e revestidos com o mesmo material, recebeu estrutura de madeira para o telhado de quatro águas e telhas de barro. Os pisos dos quartos, salas e varanda eram de tábua corrida sobre barrotes e para as áreas molhadas a pavimentação era de ladrilho hidráulico e do porão de ladrilho cerâmico. Parte dos forros eram de madeira do tipo saia e camisa e parte do tipo paulistinha.

Há registros que comprovam que o desenvolvimento da Cidade de Ribeirão Preto incorporou a chácara ao meio urbano invertendo sua organização espacial primitiva. Assim os “fundos” da antiga casa da Chácara passou a ser a parte da casa voltada para rua, foi quando, provavelmente realizou-se uma intervenção na fachada, executada por Vicenzo Lo Giudice , criando-se uma platibanda e um muro de fechamento que marcava o acesso a parte externa, na lateral da casa por meio de um portão sobre cujos pilares foram instalados esculturas de leões.

Destacam-se ainda as pinturas murais descritas minuciosamente pela pesquisadora Maria Elízia Borges em sua dissertação de mestrado “A pintura na ‘Capital do Café”: sua História e Evolução no Período da Primeira República”, UNESP, 1983.

Desde meados da década de 1980 a Casa Caramuru tem sofrido pela falta de manutenção e total abandono por parte de seu proprietário. O telhado ruiu e a ação das chuvas danificou e comprometeu definitivamente elementos da construção original: forros e pisos também ruíram, a estrutura da varanda já não existe mais e a umidade começa a comprometer os revestimentos, além dos atos de vandalismo.

Ao seu lado direito foi construído um edifício de três pavimentos – uma loja de material de construção e ao lado esquerdo foi construído um bar. Ambas as construções realizadas sem qualquer preocupação estética e muito próximas à antiga casa da Chácara Vilallobos impedem sua leitura e compreensão.

A restauração da Casa Caramuru justifica-se não só por ser um importante exemplar da arquitetura do café do “Oeste Paulista” ou, ainda, por ser, junto com a residência Schmidt, um dos únicos exemplares da arquitetura do café na área urbana de Ribeirão Preto, mas também como testemunho da evolução urbana da cidade.

Memorial descritivo

As paredes da edificação são os elementos que permanecem como os mais íntegros testemunhos da construção primitiva. Assim, a solução apresentada no estudo preliminar para o restauro da Casa Caramuru entendeu serem estes os elementos que deverão simbolizar a intervenção pretendida.

Para tanto, a solução proposta para a estrutura da cobertura – uma grelha metálica, além de servir como apoio às telhas metálicas térmicas e zipadas restabelece a rigidez e estabilidade das alvenarias.

Grande parte do programa de necessidades foi resolvido no pavimento superior, de acesso direto pela rua, sem a necessidade de qualquer alteração na divisão dos cômodos, restando para o porão a instalação do café e de sanitários para o público. Nesse nível, rebaixado em relação à Avenida Caramuru, pretende-se criar uma praça para convívio e contemplação do bem futuramente restaurado.

Propõe-se a recomposição da varanda, construída em estrutura metálica e apoiada sobre berços fixados nas alvenarias das fachadas voltadas para o Córrego Preto e sobre os pilares existentes também em alvenaria. A solução permitiu que o piso em tábuas corridas ficasse solto das paredes, demonstrando a estrutura original. Na circulação externa pretende-se instalar um elevador de modo a garantir a acessibilidade universal, além de uma escada que fará o acesso direto da praça ao Centro de Memória e Desenvolvimento Urbano de Ribeirão Preto.

O mesmo piso da varanda repete-se no interior da edificação no nível superior, mas ali a solução de apoio sobre barrotes de madeira repete a construção primitiva.

Para os forros das áreas fechadas da edificação uma nova solução, solta das paredes, servirá como espaço para infraestrutura de instalações.

Propõe-se também que a edificação na esquina da av. Caramuru com a rua Antônio Salomone, que hoje abriga um bar, seja demolida, devolvendo ao conjunto um acesso franco da cidade para a praça interna, como ocorria, provavelmente, quando ali estava o portão ladeado pelas esculturas de leões.

A proposta arquitetônica prevê um fechamento leve e permeável com tela metálica ou chapa expandida, fixo nas estruturas de cobertura e de piso da varanda, que constitui o novo volume voltado para a praça, revelando e ao mesmo tempo protegendo a fachada remanescente.

Por fim, para as pinturas murais nos cômodos principais da casa propõe-se sua reintegração e consolidação pictórica.