MUSEU ÁGUA DE SÃO PAULOfechar ×
2021
Publicação
Artigo Museu Água: o legado da AESabesp para São Paulo e o saneamento.
Para saber mais: issuu.com/aesabesp/docs/saneas_ed75
Revista SANEAS – Ano XII, edição 75
2020
Modelo físico
Publicação
Artigo Museu Água de São Paulo: rumo à consolidação de um marco no saneamento.
Revista Saneas – Ano XI, edição 72
Concurso
Ficha técnica
Ano do Concurso:
2019
Equipe Concurso:
SIAA
Andrei Barbosa da Silva
Bruno Valdetaro Salvador
Camila Yumi de Campos
Cecília Torrez Prudencio
Cesar Shundi Iwamizu
Eduardo Pereira Gurian
Fernanda Britto
Julia Carvalho Dell'acqua
Laura Cardone
Leonardo Nakaoka Nakandakari
Maria Fernanda Xavier
Márcio José Rocha Borges
Paula Mendes Máximo
Victor Luiz Quio
Equipe Projeto Básico
Arquitetura:
SIAA
Eduardo Gurian
Cesar Shundi Iwamizu
Coordenação: Maria Fernanda Xavier
Camila Yumi de Campos
Bianca Barreto Juliasz
Giulia da Cruz Silva
Victor Luiz Quio
Estudantes:
Bento Marques Sater
Camila Caroline Silva
Júlia Tassara Rodrigues Correia
Thiago Santos de Oliveira
Pesquisa histórica:
Valéria Ferrari Waligora
Maquete Física:
André Filipe Lemos Marques
Gabriel Taniguchi
Leonardo de Oliveira Pina Soares
Gestão de Projeto e Projeto de Restauro:
Instituto Pedra
Diretoria:
Luiz Fernando de Almeida (diretor-presidente)
Norton Ficarelli (diretor adjunto)
Alan Gualberto (gestão de projetos)
Coordenação de arquitetura:
Benjamin Saviane
Mariana Victor
Alessandro Percinoto Pompei
Arquitetura:
Ana Luiza Teixeira
Bernard Greim
Mariana Vetrone
Estudantes:
Amanda Santos
Anita Chaves
Leonardo Moura
Museologia:
Viviane Longo
Museologia, Expografia e Comunicação Visual:
Base 7 Projeto Culturais
Diretores:
Arnaldo Spindel
Ricardo Ribenboim
Diretoria adjunta administrativo-financeira:
Carmen Maria de Sousa
Curadoria:
Jesus de Paula Assis
Diretor adjunto de produção:
Felipe Ribenboim
Coordenação de conteúdo:
Rachel Vallego
Pesquisa Iconográfica:
Fernanda Carvalho
EO Editorial - pesquisa histórica:
Julio Fonseca
Gabriela Hengles
Mariana Tomadossi
Museu IO - tecnologia e interatividade:
Bruno Favaretto
Renato Almeida Prado
Identidade visual - Via Impressa:
Carlos Magno Bomfim
Jailton Leal
Plano museológico - Gengibre Criativo:
Carla Nieto Vidal
Joana Tuttoilmondo
Coordenação museológica:
Daniela Vicedomini Coelho
Projeto Expográfico:
Vlamir Saturni
Ana Paula Garcia
Paisagimo:
SOMA Arquitetos
Alessandra Gizella da Silva
José Luiz Brenna
Arquiteto e urbanista:
Nashira Mehen-Ha
Estagiários:
Mariana Stoppa
Danielle Ferreira
Projeto de Iluminação:
Anna Turra Lighting Design
Anna Turra
Equipe:
Victória Rocha
Paula Dal Maso
Shylton Mavie
Estrutura e Instalações:
Favale e Associados Engenharia
Fausto Favale
Arquitetura e coordenadora:
Cristiane Inácio
Eng. calculista:
Debhora Garcia
Projetista do concreto:
Rogério Góes
Projetista de metálica:
Thais Ramires
Instalações elétricas:
Stefano Bretas
Hidráulica, incêndio e ar-condicionado:
Paulo Souza
São Paulo, SP, Brasil
Projeto premiado: 1º lugar
O Museu da Água
A criação de um Museu da Água para a cidade de São Paulo acontece em momento oportuno: mais do que nunca temas ligados à construção e preservação de nosso habitat exigem atenção e cuidado, e assuntos voltados à valorização de nossos recursos hídricos devem continuar sendo foco de estudo e reflexão por parte de todos a fim de viabilizar nossa própria existência neste planeta.
Um Museu da Água deverá ser um lugar capaz de mobilizar a população em torno deste tema – sobretudo um local de conscientização, de aprendizado –, tanto por meio de sua arquitetura e de sua expografia, quanto pela própria história contida no sítio escolhido para sua implantação.
Contexto
Inserido em importante e privilegiado bairro da cidade – próximo ao Parque do Ibirapuera – o local destinado à implantação do Museu da Água, a antiga Repartição de Águas e Esgotos – REA, faz parte do conjunto arquitetônico, paisagístico e ambiental do Instituto Biológico, tombado pela resolução número 20 / CONPRESP / 2014.
O projeto proposto para o Museu da Água explora o potencial deste sítio como conjunto, sendo pensado a partir de sua conexão com o edifício do Palácio da Agricultura de Oscar Niemeyer, atual sede do MAC USP, mas também com as diferentes escalas das vias de circulação lindeiras e dos demais edifícios presentes em seu entorno.
Atualmente pouco conhecida pela população, a área destinada à implantação deste museu não só abrigará os novos edifícios necessários aos novos programas, como também se utilizará de sua infraestrutura em funcionamento como parte integrante do conteúdo expositivo, além de ser tratado como espaço de fruição, independentemente do ingresso específico aos edifícios.
Pensada como passagem urbana, tal disposição viabiliza o uso desta área verde – hoje subutilizada – como espaço público, aproveitando-se das demais instituições existentes em seu entorno ao propor um novo ‘agenciamento programático maquínico’, considerando o contato direto entre diversas instituições, cujas atuações específicas poderão se complementar mutuamente com as atividades deste novo Museu da Água.
Partido
A partir do reconhecimento das preexistências deste território – edificações, infraestruturas ou arborização – propõem-se iniciar um processo de restabelecimento do caráter conjuntural desta gleba, criando-se imediatas conexões com o MAC USP, bem como futuras e desejáveis articulações com os pavilhões vizinhos do Instituto Biológico.
A partir de sua atual porta de entrada pela rua França Pinto, o percurso público proposto deverá fruir através do lote até se conectar aos jardins do museu vizinho e, independentemente dos programas localizados neste sítio, permitirá ao visitante o contato alternado com antigas e novas edificações.
A fragmentação do programa em inúmeros volumes propiciará ao visitante um contato alternado entre interior e exterior, entre arquitetura e paisagem, entre infraestrutura e espaços de usos públicos. Tais espaços, direta ou indiretamente conectados ao tema da água, e agora articulados por novos percursos em diferentes cotas, serão todos designados como espaço expositivo, museu aberto e vivo que tanto valoriza a infraestrutura técnica em funcionamento, como também abre espaço para as novas áreas destinadas ao estudo e reflexões pertinentes ao tema.
Preexistências
A partir da reinterpretação do processo de tombamento que incide sobre esta gleba, foi proposto para este projeto uma reavaliação cuidadosa a cada caso, pensando também em uma implantação gradual por etapas em diálogo constante com os diversos órgãos responsáveis por sua preservação.
Já incorporados como parte da paisagem construída deste sítio, inúmeros imóveis – não necessariamente apenas aqueles tombados – foram mantidos por estarem em pleno funcionamento técnico ou por estarem aptos a abrigar novos usos em seus espaços internos.
Em outros casos, edificações protegidas pelo processo de tombamento tiveram sua permanência problematizadas por esta proposta, podendo ser reavaliada de acordo com questões orçamentárias ou de aprovação junto ao CONPRESP.
O possível remanejamento da cabine primária – que deverá ser oportunamente revista devido às cargas necessárias às novas edificações – poderá criar nova visibilidade à fachada oeste da Casa de Bombas em funcionamento, parte integrante do percurso expositivo proposto.
O recinto destinado ao abastecimento dos reservatórios subterrâneos, também protegido pelo processo de tombamento, merece ser preservado e valorizado como lugar, mas não necessariamente como objeto arquitetônico em si. Uma nova envoltória articulada ao percurso elevado poderá garantir semelhante experiência visual e sonora do atual processo de abastecimento, mas com a necessária segurança e independência em relação aos espaços de operação e manutenção dos reservatórios.
Tão importantes quanto qualquer edificação preservada pelo tombamento, foram consideradas como partes constituintes e estruturantes desta paisagem tanto as áreas livres sobre os reservatórios existentes, quanto as massas arbóreas existentes em diferentes platôs.
No caso das lajes dos tanques subterrâneos, propõem-se sua manutenção como espaço livre, área destinada a usos imprevistos e, agora tratados como paisagem, com espelhos d’água e vegetações diversas de modo a revelar didaticamente seu uso como reservatório oculto.
Entre as massas arbóreas, foram identificados dois recintos capazes de abrigar novos programas, o primeiro junto à rua França Pinto e o segundo junto à divisa do MAC USP. Semelhante à adaptação do líquido em relação à forma de seu continente, em ambos os casos, o desenho dos edifícios parte dos vazios definidos pelo contorno das copas das árvores.
Programa e Construção
Localizado junto ao acesso da rua França Pinto, um primeiro volume de dois pavimentos sinaliza os novos usos programados para o local, funcionando como espaço de acolhimento dos visitantes e ponto de partida para o novo percurso expositivo proposto. O uso do auditório no segundo pavimento permite articulações com o museu propriamente dito por meio de uma passarela elevada, mas também pode ser utilizado de modo independente, permitindo sua apropriação em outros horários e para variados públicos.
Na clareira localizada próxima ao MAC USP, o edifício destinado às exposições, administração e biblioteca se organiza a partir de um percurso descendente, inserido na lógica de circulação de toda a gleba. Entre salas fechadas e circulações abertas, o público terá contato visual com um percurso de água, que parte da cobertura do edifício até o espelho d’água do piso térreo, bem como miradas específicas em diferentes direções, no contato com árvores, edifícios, espaços abertos e caminhos.
A referência de 9 metros a partir do platô elevado é respeitada, mas os amplos pés-direitos adequados aos espaços expositivos são viabilizados graças a uma pequena escavação que também permite melhor integração com os demais edifícios do conjunto.
Além das relações didáticas – explícitas ou não – entre a arquitetura e o tema a que se destina como museu, a presente proposta também respeita um conceito de flexibilidade a ser explorada por sua curadoria – salões fechados para projeções, paredes desenhadas como suporte, espaços abertos para a exibição de máquinas e instrumentos – na construção de uma narrativa museográfica pensada a partir da relação ambiental com seu entorno, mas também em contraste com atmosferas mais introspectivas.
Do ponto de vista construtivo, propõem-se intervenções mínimas em concreto armado para a constituição das bases dos edifícios em contato com o solo ou prumadas verticais contínuas, associadas a um processo de montagem seca, rápida e limpa de estruturas metálicas e fechamentos leves em painéis, de modo a se valer de processos construtivos adequados à sustentabilidade e, consequentemente, ao tema proposto para este museu.
A geometria expressiva resultante de cada um dos edifícios deste conjunto rejeita soluções genéricas, e por estarem em simbiose completa com o meio que os abriga, tornam-se únicos, pensados especificamente para este contexto e para este programa de Museu da Água.
A liberdade formal empregada em seus volumes se ajusta a soluções estruturais e construtivas singelas, evitando uma ideia de busca por uma arquitetura meramente espetacular ou injustificada. Ao contrário, posicionada em meio ao verde, a variedade espacial de seus terraços e aberturas não pode ser vista e reconhecida pela simples exterioridade da forma, mas sim pelo lento caminhar e pelas surpresas arquitetônicas vivenciadas ao longo de seus percursos e a partir de seu interior.