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Moradia Estudantil UNIFESP São José dos Camposfechar ×

2015

Concurso, Desenho, Modelo digital

 

 
 

Ficha técnica

Ano de concurso:
2015

Arquitetura:
André Ariza
Andrei Barbosa da Silva
Bruno Valdetaro Salvador,
Cesar Shundi Iwamizu
Eduardo Pereira Gurian
Fernanda Britto
Francesco Perrotta Bosch
Gustavo Madalosso Kerr
Helena Aparecida Ayoub
Leonardo Nakaoka Nakandakari
Luca Penteado Caiaffa
Marcelo Arend Madalosso
Natália Balak Rocha
Rafael Carvalho
Thomas de Almeida Ho

Moradia Estudantil UNIFESP - São José dos Campos
São José dos Campos, SP, Brasil

Este projeto foi realizado em parceria com o escritório de Helena Ayoub (HASAA).

É uma linha edificada que serpenteia para se adaptar ao formato do lote e à sua peculiar topografia. Em quatro lâminas estão as unidades de moradia estudantil da Unifesp de São José dos Campos: os três blocos lineares mais curtos são absolutamente paralelos entre si, enquanto a outra barra habitacional contrapõe-se com uma implantação na diagonal, a fim de construir um bloco mais alongado e adequar-se às curvas de nível. Essas lâminas conectam-se no edifício de espaços de uso coletivo geral, disposto perpendicularmente aos blocos paralelos, e, principalmente, por meio das circulações das habitações, que se destacam por sua estrutura metálica distinta ao método construtivo dos espaços com usos específicos.

Cabe acrescentar que todo esse conjunto edificado mantém-se intrinsicamente vinculado ao solo. O resultado disso é a criação de diferentes praças e pátios, cada qual com uma distinta qualidade, forma, vista – para a cidade, ou o campus universitário, ou as áreas verdes que envolvem o lote – e declividades vencidas por vezes com rampas, por outras em escadarias e arquibancadas. Tais praças se ligam por meio de um eixo reto de circulação que conecta diretamente o acesso mais a sul (rua projetada pertencente à malha urbana) à entrada mais ao norte (rua projetada interna do campus universitário). Este eixo é o tronco primário de acesso e circulação de pessoas neste complexo estudantil-habitacional.

Os vários patamares e pátios, de certo modo, pulverizam o fluxo desse eixo primeiro em diversos caminhos e percursos. Portanto, a estratégia de apropriação deste lote tem um evidente caráter urbano. A intenção primordial é a criação de espaços coletivos ao ar livre para encontro e lazer da comunidade universitária e dos habitantes dos arredores, com clara prioridade à escala do pedestre. Essas praças e caminhos, por um lado, amarram os blocos ali edificados tanto quanto as circulações dos andares; por outro lado, sua importância transcenderá os universitários dali em virtude da sua índole comunitária e pública.

Os corredores são constituídos por estruturas metálicas em balanço, ou seja, a circulação que conecta as unidades de moradia está acoplada à estrutura primária de paredes autoportantes. O posicionamento do corredor visa proteger os apartamentos da maior incidência dos raios solares. Nota-se também que as portas de acesso à unidade de habitação são suficientemente generosas para que a área de convivência do interior do apartamento possa se expandir, em ocasiões especiais, para as circulações coletivas. Os fechamentos com guarda-corpos em aço e telas metálicas – produto pré-fabricado encontrado em qualquer loja de construção, usualmente utilizado em cercas – dão unidade a estas fachadas esteticamente diáfanas, austeras e explícitas em seu modo construtivo. Esta circulação é que une a construção: os blocos lineares passam a, de fato, serpentear.

Existem dois núcleos de espaços de uso coletivo geral. O menor é um prolongamento da lâmina habitacional mais ao sul, agrupando as áreas de caráter administrativo. Entre os dois blocos paralelos mais ao norte, está o núcleo que converge o cineclube miniteatro, a biblioteca comunitária, a academia de ginástica, a sala de jogos, o espaço multiuso, o ateliê comunitário, a lavanderia central automatizada e a cozinha com copa. É um trecho do complexo que segue o método construtivo com paredes autoportantes em bloco de concreto, mas cuja forma é peculiar por seguir as linhas do perímetro do lote, respeitando recuo de três metros. Sua fachada para o interior é marcada pela sobreposição de rampas – estruturadas metalicamente do mesmo modo que os corredores – que conotam a mobilidade e a franqueza de acesso daquele núcleo no complexo universitário.

Por que a linha edificada dobra para serpentear? Porque, juntos aos caminhos a serem implantados no rés-do-chão, este projeto é um tecido que se apropria do lote. O objetivo é costurar espaços públicos e privados, joseenses e estudantes, a cidade e o campus. O ato da costura é o fundamento para uma das maiores qualidades da urbe: a cidade enquanto lugar de encontros.