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UBS Riacho Fundofechar ×

2016

Concurso

 
 

Ficha técnica

Ano:
2016

Arquitetura:
Cesar Shundi Iwamizu
Eduardo Pereira Gurian
Leonardo Nakaoka Nakandakari
Luca Caiaffa
Rafael Carvalho

UBS Riacho Fundo
Brasília, DF, Brasil

* Projeto premiado com menção honrosa

Amparando o crescimento populacional de Riacho Fundo – resultado de uma extensiva produção habitacional de interesse social na região, através, especificamente, do empreendimento “Parque do Riacho” –, a proposta para a Unidade Básica de Saúde (UBS) busca articular o equipamento à malha viária, tratando-a como principal conexão urbana e tirando partido de sua morfologia, tanto para o estabelecimento de relações visuais entre o entorno e o edifício, quanto para informar soluções compositivas do próprio desenho de projeto. Nesse sentido, destaca-se o traçado de uma rua de serviço que corta o lote, delineando a área de intervenção e criando um acesso de serviços para carga, além de um bolsão de estacionamento para funcionários. Essa conexão viária leva em conta uma futura ampliação da UBS na parte posterior do lote, evitando designar frente ou fundo para o conjunto edificado.
Reitera-se a importância da eficiência energética do edifício, bem como a humanização do atendimento médico, com uma volumetria modelada por grandes sheds que garantem a iluminação e ventilação naturais das áreas comuns. A geometria da cobertura enriquece a espacialidade do edifício com a variação de pé direito e dá ritmo à composição volumétrica, além de permitir, dada sua inclinação, a coleta de águas pluviais e seu reaproveitamento. Apoiando-a em pilares de perfilaria e pequenas treliças metálicas, constitui-se um sistema estrutural singelo intertravado pelos brises verticais de concreto que também funcionam como o único elemento de vedação, assegurando a ventilação cruzada e dinamizando as fachadas com sua angulação.
Propõe-se, portanto, que a cobertura circunscreva o programa integralmente, dando unidade ao conjunto. Sob o invólucro, os diversos setores funcionam simultaneamente, abrigados por volumes pavilhonares erguidos em steel frame com instalações infraestruturais autônomas, independentes da estrutura principal. O desenho ortogonal desses núcleos programáticos, bem como sua disposição transversal ao longo do prédio respeita o ritmo dos sheds. Entre eles, pátios internos com solo permeável configuram extensos jardins, dando vida aos ambientes de uso comum e criando um ambiente humanizado, mais agradável para pacientes e médicos.
O agenciamento da planta se justifica, em larga medida, pelo equacionamento das circulações. Dois eixos longitudinais de circulação atravessam o edifício, junto às fachadas, distribuindo os acessos aos pavilhões de maneira alternada: o fluxo público se origina na porção norte do prédio, junto à espera e recepção, e dá acesso às salas de atendimento clinico por um lado; o privado, que parte da face sul, onde se concentram a administração e os ambientes de serviço, chega às salas por outro. Esse arranjo é reforçado pelo desenho dos jardins que impede a intersecção de circulações distintas e pelo sutil desnível entre os pavilhões.
Posto isso, cumpre ressaltar que a potencia plástica da proposta reside no contraste entre a transparência e a severidade da geometria. Enquanto a implantação estabelece relações visuais contundentes com o entorno, o volume se destaca quando observado à distância. Constrói-se, assim, um novo ponto de referencia na paisagem, figurando um novo horizonte para os moradores de Riacho Fundo.