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Procuradoria Regional da Repúblicafechar ×

Ficha técnica

Ano de projeto:
2007

Arquitetura:
Alexandre Mirandez
Bruno Martis
Carlos Augusto Ferrata
César Shundi Iwamizu
José Paulo Gouvêa
Leonardo Sette
Marcelo Pontes de Carvalho
Moracy Amaral
Ricardo Bellio


Porto Alegre, RS, Brasil

A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro.)
A água, o vento, a claridade,
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.

(João Cabral de Melo Neto)

 

O desafio do concurso foi traduzir a dimensão pública do programa proposto em espaço construído, com a prioridade de explorar as qualidades do lote e de seu entorno sem negligenciar as necessidades funcionais do edifício, a flexibilidade desejável e o aproveitamento máximo do potencial construtivo permitido pela legislação.

O partido do projeto prevê a construção de duas lâminas paralelas, volumes separados por uma faixa de luz central capaz de evidenciar o caráter público do edifício, espaço que concentra todas as galerias de circulação e estabelece relações visuais inesperadas com a cidade. Nos andares baixos, é possível olhar para a vegetação do parque ou para a praça cívica, no alto, a paisagem para o Rio Guaíba e o Estádio Beira-Rio de um lado, e o centro da cidade do outro.

Esse espaço de pé-direito de 35 metros de altura interliga visualmente todos os pavimentos do edifício, enquanto a relação de proximidade dos volumes garante uma ligação franca entre os programas. Essas condições determinaram um espaço de proporções rigorosamente desenhadas para garantir a fluidez desejada, sem assumir uma monumentalidade exacerbada.
Ainda nesse espaço central, as pontes de ligação assumem o papel de salas de estar e espera, que, junto com as escadas desenhadas para atender as ligações mais freqüentes entre programas situados em pavimentos contíguos, criam uma nova espacialidade destinada a amparar encontros imprevisíveis.

O primeiro volume, mais estreito, concentra os programas de apoio, os sanitários coletivos, as prumadas de circulação vertical e de infra-estrutura do edifício. Seu caráter monolítico é reforçado pelo desenho das aberturas na fachada leste, pela construção em concreto armado com formas deslizantes e pela maneira que a edificação toca o solo.

O segundo volume, mais largo, aparece como uma grande caixa suspensa sobre a esplanada de acesso do edifício. O número de apoios é reduzido a seis pilares para enfatizar a interligação dos espaços públicos e permitir um desenho conveniente para o estacionamento localizado no subsolo.

No primeiro pavimento, entre as vigas de transição, espaços de pé-direito duplo abrigam a biblioteca e o auditório. Programas que desfrutam da proximidade com a esplanada de acesso e das visuais dos espaços públicos por meio de aberturas generosas.

Os demais pavimentos dessa construção são ocupados quase que totalmente pelas salas dos Procuradores, ambientes protegidos por uma fachada dotada de brises retráteis que não comprometem a vista privilegiada para o Rio Guaíba. No último pavimento, espaços destinados às salas de ginástica e ao restaurante se voltam para um terraço-mirante.